Terá sido p'los idos de 50 que a desertificação, principalmente no que se refere ao Alentejo, se começou a tornar mais evidente... sem que os poderes públicos, em algum tempo, lhe tivessem dado uma verdadeira e honesta atenção. Nos anos que se seguiram ao 25 de Abril houve uma certa estagnação que, liquidada a ilusória esperença, regressou em força e, hoje, por exemplo no concelho de onde sou oriundo, a situação é verdadeiramente alarmante. Basta referir que há 4o anos, o concelho, um dos mais extensos de Portugal, tinha cerca de 30 mil residentes. Hoje, são cerca de 9 mil, sendo que cerca de 40% têm mais de 75 anos, e são pouco mais de 5% os que têm menos de 20 anos de idade. Entretanto, os poderes públicos, locais, regionais e nacionais, assobiam p'ro lado. Neste caso, são todos oriundos da mesma força partidária o que, aos meus olhos, ainda facilita as coisas... Muitos são os pequenos aglomerados quase completamente abandonados, a indústria é inexistente, o comércio está falido e o principal empregador é o município, que tende a perpetuar-se no poder já que o caciquismo, som uma capa democrática, regressou em força. Isto porque quem não for da "cor" não arranja emprego...E, ao mesmo tempo que as "receitas" pagam empregos e "estabilidade" política, o saneamento básico e tantas outras carências são remetidas para as calendas...
Mas o aspecto que eu pretendia, de facto, abordar, prende-se com o desenraizamento, tema raramente abordado e que, entretanto, assume, aos meus olhos, uma importância de significado superlativo.