Um abcesso legislativo está na origem do "resultado" das eleições para a Assembleia Municipal de Mértola, de Outubro último. De facto, a Oposição obteve muitos mais votos que a lista "vencedora". Na eleição para a Assembleia Municipal de Mértola a lista vencedora elegeu 7 deputados, outros sete foram para outra força política e 1 deputado para o Movimento Independente.
Foi este o resultado verificado nas urnas. E, assim, os mertolenses, - à semelhança do que haviam feito os portugueses, aquando da eleição dos deputados para a Assembleia da República - deram a maioria de deputados à Oposição.
Entretanto, nas assembleias municipais têm assento, - por razões que só os Partidos poderão explicar, mas que são contra toda a lógica da democracia - os presidentes das Juntas de Freguesia. Obviamente, uma aberração a que urge pôr cobro.
E é assim que o Partido, a quem os mertolenses deram uma minoria dos votos entrados nas urnas, "beneficia" deste aborto legislativo para, depois, aparecer, maioritário, na Assembleia Municipal.
A aberração é ainda maior quando permite que os presidentes de junta de freguesia votem na eleição dos que vão constituir a Mesa da Assembleia, não podendo, entretanto, eles próprios, ser eleitos.
Os presidentes das Juntas de Freguesia deveriam limitar-se à sua função, meritória e, deveras, importante. Afinal, à função para que foram, de facto, eleitos.
Num tempo em que muita da legislalação é por tantos contestada já que, todos o sabemos, o legislador parece legislar à sua medida, bom seria que este abcesso legislativo merecesse, também ele, a apreciação de quem de direito.
O resultado duma eleição não pode, nunca, deixar de ser o que ditam as urnas. Doutro modo...de que serve votar ?...